quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

(Mário Cesariny)


Small Train Station at Night, de Paul Delvaux

Um comentário:

Xiluembo disse...

por um momento pensei que falava da própria sombra