domingo, 25 de setembro de 2011

Inspiração para Camus

Difícil comentar Filosofia de forma mais bela que a Arte.

"Hamlet - Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias - 
E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer, dormir;
Só isso. E com o sono - dizem - extinguir
Dores do coração e as mil mazelas naturais
A que a carne é sujeita; eis uma consumação
Ardentemente desejável. Morrer - dormir - 
Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo,
A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso,
As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei,
A prepotência do mando, e o achincalhe
Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso
Com um simples punhal? Quem aguentaria fardos,
Gemendo e suando numa vida servil,
Senão porque o terror de alguma coisa após a morte -
O país não descoberto, de cujos confins
Jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade,
Nos faz preferir e suportar os males que já temos,
A fugirmos pra outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim o matiz natural da decisão
Se transforma no doentio pálido do pensamento.
E empreitadas de vigor e coragem,
Refletidas demais, saem de seu caminho,
Perdem o nome de ação. (...)"

SHAKESPEARE, William. Hamlet. Trad. Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 2010.

Hamlet et Horatio au cimetière, de Eugène Delacroix

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Solitária

Ainda desconheço se me alivia ou se me inquieta perceber que apenas depende de mim a execução dos meus projetos.
Solidão, de Iberê Camargo
 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Após meia-noite será amanhã

A nostalgia e a busca por sentido nos consomem e parece que somente nos resta festejar. Até que esta ação não passe de passado e bela memória para os que virão.

O Carnaval de Arlequim, de Joan Miró

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lux aeterna vera

Inocência minha, a faísca sempre foi o amor incondicional.

Le tombeau des luteurs, de René Magritte

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"Alguma coisa acontece no meu coração..."

"... Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas..."
(Caetano Veloso - Sampa)

Não é novidade que a música "Sampa" é um clichê para falar de São Paulo. Porém tenho histórias desse cruzamento, passei centenas de dias esperando ônibus num ponto próximo para ir à USP. Era inevitável não cantarolar mentalmente às vezes esse trecho enquanto esperava o "Cidade Universitária" às 6h, bocejando...
Quantos pensamentos não me entorpeciam ali? Quantos sentimentos não escorriam por mim enquanto observava o trânsito formando-se naquela esquina?
A poesia concreta dos edifícios me encarando...?
O mau gosto das ruas e as saudades dele quando estava fora...?
As estrelas sufocadas e as belas luzes artificiais das janelas, das lanternas, dos bordéis...?

"Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba...", minha selva de pedra, suor, amor e ódio... te amo. Às vezes somos inimigas, mas sou tua filha.

Vista aérea da Avenida Paulista, São Paulo (Um clichê atraente dessa vez)
(Vinte e cinco de janeiro de dois mil e onze, 457° aniversário da cidade de São Paulo.)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pragmática

A terapeuta me disse que racionalizo tudo.
Por obséquio, alguém pode discorrer detalhadamente como irei somente sentir?

La Chambre de Van Gogh à Arles, de Vincent van Gogh

domingo, 16 de janeiro de 2011

Divinação

Por que tentar saber sobre momentos futuros se não deixamos os olhos livres para a única coisa que temos?

Los Enamorados, de Salvador Dalí

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobre segundos

Um objetivo cego nos faz perder a noção de que a vida corre em cada segundo, não na execução do planejado.

Composition with Yellow, Blue, and Red, de Piet Mondrian

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Os lugares parecem os mesmos e nós somos a única diferença

Tatuapé
Tucuruvi
Jabaquara
Aricanduva
Moema
Ibirapuera
Mooca
Anhanguera
Butantã
Ipiranga
Jaguaré
Morumbi
Pirituba
Sapopemba
Cangaíba
Grajaú
Tietê
Tamanduateí
Tremembé
 

Tenho tudo. E ninguém.


Le Seducteur, de René Magritte