quarta-feira, 29 de maio de 2013

Pseudoestima

O que declama a sua beleza
é a mesma voz que lhe atormenta
ao ser desprezado.
É o ruído do véu cinza transparente
que tremula ao toque alheio.
Este manto são só palavras
que perfuram o crânio
nas madrugadas do insone.
O tecido é indestrutível,
mas a voz, quando não ouvida,
parece calar-se.
Contemple o silêncio que brada
quem veste o véu.

Les amants II, de René Magritte

2 comentários:

Érika Pellegrino disse...

:) muito bom!

Caio disse...

Esse me tocou especialmente. Tá faltando postar mais aqui, hein? Mas sem pressão, porque sei como é esse ritmo próprio da poesia. Muito boas as suas coisas, Fabi. Bom ter descoberto seu blog. :)