What Else is There?, de Röyksopp:
"I am the storm, I am the wonder
And the flashlights, nightmares
And sudden explosions..."
Estava lendo em meu quarto, jogada na cama. Terra Sonâmbula do Mia Couto teimava ficar entre minhas mãos. O computador emitia uma luz azulada e Morning Glory do Jamiroquai.
Meus pais assistiam à televisão na sala; podia escutar qualquer burburinho. Ouvi passos aflitos. Bateram à porta. Minha avó dizia desesperadamente que o Sol ia explodir.
- Como?! Mas isso não tem como acontecer!
- Olhe o noticiário!
Decidi deixar o livro ao lado do abajur com formato de Saturno e finalmente saí do quarto. Todos os canais mostravam o Sol inchado, vermelho-laranja. Voltei e abri a janela do meu espaço. O céu não era mais azul e a estrela estava colossal.
Atravessei o quarto correndo, desejando a sala. Meus pais estavam no corredor, entre os dois ambientes. As lágrimas escapavam dos meus olhos como águas de uma comporta recém-aberta. Senti que morreria naquele momento e tentei dar minhas mãos a eles para que morrêssemos juntos e com breve conforto.
Não consegui alcançar nem seus dedos.
Acordei.
Sunrise by the Ocean, de Vladimir Kush